domingo, 4 de abril de 2010

Hoteis Perdidos

Esta coisa compulsiva de estadias em hoteis nos livros leva muitas vezes ao desejo de solicitar a alguns escritores que escrevam alguma coisa, por pequenina que seja, que tenha a palavra hotel no título. Infelizmente o Paul Auster nunca escreveu nenhum livro em que a palavra mágica apareça (mais sorte tem a minha amiga Patrícia - a palavra dela é vermelho e sempre tem "O Caderno Vermelho"), mas ainda vai a tempo.
Mas, e aqueles que já não escrevem mais? Existem por aí muitos hoteis dentro de livros que nunca serão escritos.
Dino Buzzati nunca escreveu um livro com a palavra hotel no título, o que é lamentável. Mas podemos sempre imaginar "O Hotel do Deserto dos Tártaros", em que a fortaleza não mais é que uma estância turística decadente, onde almas perdidas vão em busca de algo ou em busca de se perderem ainda mais.
Oscar Wilde também não hotelou, e ele saberia fazê-lo melhor que ninguém. Na terra do faz-de-conta, o fantasma do Hotel dos Canterville" é uma assombração que atormenta a vida aos hóspedes americanos de um clássico hotel inglês.
Gregor Samsa bem podia ter acordado transformado num enorme insecto num quarto de hotel. Se formos ver bem as coisas, bastava que Franz Kafka tivesse adiado a metamorfose por um dia.
Estranho exercício este de enfiar hoteis nos livros.





Sem comentários:

Enviar um comentário